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A ansiedade da gestante em relação ao parto - e como lidar com ela

  • Foto do escritor: Rafaela Klein
    Rafaela Klein
  • 15 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 17 de abr. de 2024

O ciclo gravídico-puerperal, ou seja, o período que compreende desde a gestação até os primeiros meses da vida do bebê após seu nascimento, é um período que embora possa ser de muita alegria, também traz muita ansiedade associada para a gestante. Ansiedade para ver o rostinho do bebê, ansiedade a cada exame de ultrassonografia para saber se está tudo bem com o filho, ansiedade por como a chegada da criança irá mudar a sua vida; a lista é infinita. E dentre todas estas ansiedades, há uma que se destaca: ansiedade em relação ao parto.

Hoje em dia tem se visto cada vez mais discussão a respeito do parto humanizado, e ainda que esse debate não chegue a todas as gestantes, é um assunto que está cada vez mais em pauta. Podemos pensar que este foco no parto humanizado é reflexo do reconhecimento cada vez maior de que este é um momento muito importante, mas também do temor que grande parte das gestantes sente em relação a ele. Afinal, além da ansiedade relacionada a se tudo transcorrerá bem, se haverá muita dor, se o bebê nascerá saudável, também existe uma crença muito forte na sociedade de que o parto é um processo pelo qual os corpos das gestantes não são capazes de passarem - o que não é verdadeiro. 

A realidade é que ao longo do século XX os nascimentos foram retirados do contexto doméstico, onde as parturientes eram assistidas por parteiras e outras mulheres. Foi levado para o ambiente hospitalar, onde o médico era quem comandava tudo, retirando o protagonismo da mulher na hora do parto e favorecendo até mesmo o aumento do número de cesáreas desnecessárias.

Levando tudo isto em consideração, podemos afirmar que a ansiedade em relação ao parto também tem a ver com nosso contexto histórico-cultural que diminuiu a autonomia das mulheres neste momento, porém não está limitado a isto. Há uma tensão natural associada a este momento, relativa ao fato de que o parto é uma experiência extremamente “visceral”, imprevisível e incontrolável. Cada gestante terá suas próprias ansiedades singulares em relação ao parto, que também tem a ver com a experiência que ela mesma teve ao nascer, a qual embora não lembremos conscientemente, permanece como uma marca em nosso psiquismo. 

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Nesse contexto, podemos compreender que a ansiedade em relação ao parto não é totalmente evitável, sendo uma parte natural da experiência de gestar. Porém, a gestante pode buscar informação de qualidade com médicas obstetras, enfermeiras obstetras, doulas e até mesmo psicólogas, para que possa se preparar na medida do possível para este momento e para que a experiência do nascimento de seu filho não seja traumática - uma gestante munida de informação é uma gestante protegida. Neste processo, é vital que a gestante escolha um acompanhante que vá conseguir efetivamente lhe dar apoio no momento do parto, mantendo a tranquilidade e ajudando a parturiente a se entregar ao processo. 

Mesmo com estas ações a gestante pode sentir que a ansiedade relacionada ao parto é excessiva, que ela vem lhe atrapalhando no seu dia a dia e prejudicando a sua experiência de gestar. Neste caso é importante recorrer a ajuda profissional com um profissional da Psicologia que possa lhe auxiliar a trabalhar as questões emocionais envolvidas neste processo.


Referência bibliográfica: MORAES, Maria Helena Cruz de (2021). Psicologia e psicopatologia perinatal: sobre o (re)nascimento psíquico. Appris Editora.

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